O que é cognição musical?
Cognição vem do termo latim cogitare que significa “pensar” como Marothy (2000) aponta. Nesse sentido, a cognição musical envolve o estudo de como o cérebro humano estabelece conceitos, se relaciona com a música, e especificamente com suas formulações verbais.
No início do século XX com o desenvolvimento da Psicologia e notadamente da Psicologia Cognitiva mudou-se o rumo das pesquisas musicais. De fato, entender os efeitos da música sobre o homem sem compreender como a mente humana funciona não faz sentido. Por isso, a música se aproximou da psicologia, e alguns questionamentos sobre música e cérebro começaram a ser pesquisados cientificamente sob o olhar deste novo paradigma.
O que é música?
Segundo Bohumil Med (1996) música é “a arte de combinar os sons simultânea e sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção do tempo” (Med, 1996, p.11). Além disto, este autor aponta as principais características do som que são altura, duração, intensidade e timbre. Nesse sentido, a altura do som diz respeito à velocidade da frequência das vibrações. Isto significa que quanto maior a altura, maior o número de vibrações e consequentemente o som será mais agudo. Para não músicos um erro frequente é o de confundir a altura com a intensidade, em outras palavras, com o volume sonoro. Dessa forma, a intensidade caracteriza a amplitude das vibrações sonoras “determinada pela força ou pelo volume do agente que as produz” (ibidem, p. 11). O timbre é o que diferencia o som de acordo com seu emissor, por exemplo, o som da uma voz de uma pessoa com a voz de outra, ou com um instrumento musical qualquer. Ou seja, é a “cor” do som que é derivada “da intensidade dos sons harmônicos que acompanham os sons principais” (ibidem, p. 12). Já a duração, se relaciona com a extensão e o tempo do som emitido.
O desenvolvimento da psicologia da música
Ilari (2010) argumenta que Miller nomeou de revolução cognitiva as mudanças que ocorreram na década de 50, com o nascimento das ciências cognitivas, como por exemplo, as neurociências, a computação e com o a fixação e valorização de áreas de conhecimento como a antropologia, a psicologia e a linguística. Nesse sentido, o pensamento de Jean Piaget (1896-1980) sobre como as crianças aprendem, as ideais de Noam Choamsky (1928) sobre a linguagem e as descobertas sobre neurônios e inteligência artificial fizeram com que o conceito de mente fosse visto como um sistema complexo “(o hardware) com adaptações específicas ao contexto (o software), que precisava de esforços interdisciplinares para ser investigado” (p. 24) e certamente modificaram os rumos da nova psicologia da música.
Gjerdingen (2002) também destaca que os livros Emotion and meaning in music de 1956 de Leonard Meyer e o La perception de la musique de 1957 de Robert Francès e Les structures rythmiques (1956) de Paul Fraisse (1911-1996) influenciaram os pesquisadores da década de 60, fazendo com que as pesquisas nesse campo se focassem na percepção de padrões em melodias como, por exemplo, Diana Deutsch (1938) que pesquisou sobre a melodias musicais e memória. Posteriormente, ela também contribui publicando o importante livro Psychology of Music (1982) e fundou o periódico Music Perception. O autor também salienta que W. Jay Dowling (1941) contribuiu com a psicologia da música com sua publicação Music Cognition (1986).
A Música potencializa a capacidade cognitiva e beneficia a memória
Estudos indicam que o aprendizado musical aumenta o tamanho e a conectividade de várias áreas do cérebro
A música está presente em vários momentos do nosso cotidiano e é capaz de mudar a maneira como lidamos com diversas situações. Ela marca ocasiões especiais: um casamento, uma festa de aniversário, uma viagem, uma conquista. Pode acalmar em um momento de tensão e despertar sentimentos.
No entanto, mais do que uma ferramenta de entretenimento, distração e relaxamento, a música potencializa capacidades cognitivas responsáveis pelo conhecimento, interpretação e concentração do ser humano. Estudos apontam que incentivar o aprendizado musical na infância, por exemplo, pode favorecer o desenvolvimento neurológico, já que a música estimula novos caminhos e conexões com o cérebro.
Fonte: https://www.cultura.sp.gov.br/musica-potencializa-a-capacidade-cognitiva-e-beneficia-a-memoria/
Fonte: Da psicologia cognitiva à cognição musical: um olhar necessário para a educação musical: Alexandre Meirelles; Tania Stoltz; Valéria Lüders
(UFPR)